sábado, 15 de outubro de 2011

Loucos felizes!



“O hábito não faz o monge”, diz o provérbio, mas sem dúvida chama um pouco, ou muita, atenção. Talvez uma criança curiosa nos tenha incomodado com perguntas inocentes querendo saber: por que é que aquela pessoa estava vestida daquela maneira? Claro que podemos sair da pergunta com uma resposta curta: é uma freira, é um frade. E se a criança insistir, desejando saber mais, saberíamos responder à altura e com gosto? Ou responderíamos um “deixa lá”, equivalente a não saber ou ao não querer responder?
Tenho a certeza: digam o que quiserem, finjam não ver, ignorem a presença deles e delas, mas os religiosos e as religiosas chamam a atenção. Não porque queiram isso. Mas, ou por usarem o hábito, ou pela sua forma de ser, obrigam-nos a perguntar porque é que eles e elas escolheram aquela forma de viver. Por quê?
Insisto sobre os questionamentos pelo facto de a vida religiosa também ter mudado. A freira que anda pelas casas do bairro pobre, é formada em pedagogia e está a estudar ciências sociais. O monge, que abre a porta do convento e acolhe os mendigos, é mestre em letras pela PUC de São Paulo. O frade que anda de bicicleta, que foge os buracos e da lama, é advogado. A irmãzinha, que está com as crianças na creche, é enfermeira diplomada e continua a estudar medicina à noite. O irmão, que está no acampamento dos sem-terra, é doutor em teologia. E assim poderíamos continuar.
Quem tem uma imagem dos irmãos e das irmãs como de “coitadinhos” meio perdidos e fora do tempo, está muito enganado. Não somente porque eles e elas, hoje, estudam mais, mas porque continuam a saber muito bem o que querem. Eles têm um grande projecto de vida. Querem ser felizes vivendo o Evangelho. Querem contribuir com a sociedade de hoje, seguindo as pegadas de Jesus Cristo.
Se a vida religiosa podia parecer, no passado, um refúgio para ter uma “certa” tranquilidade, ou uma fuga por medo das coisas perigosas do mundo, hoje é exactamente o contrário. Vida religiosa não é para pessoas fracas. É cada vez mais exigente. O celibato para o Reino de Deus e a virgindade consagrada, dizem, são coisas para sexualmente frustrados. A pobreza é considerada excesso de loucura e inaptidão administrativa. A obediência, uma inútil inibição dos projectos pessoais, uma afronta à liberdade individual. Essas coisas são loucuras, claro, mas só para os acomodados, os que ficam alucinados e iludidos pelas coisas do mundo, para os que adoram encontrar defeitos nos outros e só sabem criticar. Por isso, a vida religiosa sempre será questionada e sempre chamará a atenção. O caminho é difícil e a porta estreita. É preciso empurrar para entrar, não é para todos.
Se não entendemos tudo isso, ou não sabemos responder bem às perguntas acima, tenhamos ao menos o bom senso de não falar à toa e, quem sabe, aprendamos a agradecer a essas pessoas, que pagam com a própria vida as suas escolhas. Se não fosse assim, a Irmã Dorothi não teria morrido. O Padre Bossi, do PIME, não teria sido sequestrado, lá nas Filipinas. Os religiosos e as religiosas podem ter muitos defeitos, como todos, mas não são nem estúpidos, nem ingénuos.
A chamada crise da vida religiosa pode ser pela quantidade, com certeza não é pela qualidade. Talvez aos jovens, hoje, falte coragem. Estão a ser vencidos pelo medo de seguir, até ao fim, o projecto de Jesus. Sentem medo de parecer diferentes ou de incomodar aos outros; de começar a mudar a história, mudando a própria vida. Por isso Jesus repetiu tantas vezes aos discípulos: não tenham medo… E o repete ainda em nossos dias. Para nós todos.
Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá- Brasil

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Nova Geração

Musica regravada por muitos cantores católicos,
faixa do CD: No peito levo uma cruz,
para o encontro mundial da juventude que 
acontecerá no Rio de Janeiro em 2013.
Está muito linda esta musica, vale a pena ouvi-la.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Primeiro encontro de blogueiros no Vaticano.

Blogueiros convidam Igreja a não ter medo do debate
Primeiro encontro no Vaticano
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 4 de maio de 2011 (ZENIT.org) - Os participantes do encontro com blogueiros, organizado em 2 de maio no Vaticano pelo Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais e pelo Conselho Pontifício para a Cultura, lançaram um apelo à Igreja a não ter medo do debate.
Os 150 blogueiros formaram uma assembleia muito diferente da que geralmente se reúne na Via dell'Ospedale, junto à Via della Conciliazione. Assim que se sentaram, praticamente todos ligaram seus laptops ou pegaram seus telefone celulares para se conectar à internet.
E durante o encontro, a discussão no Facebook e no Twitter alcançou uma intensidade tremenda.
Um encontro, portanto, tanto físico quanto virtual, para permitir que os outros 750 blogueiros inscritos, que por falta de espaço não puderam participar, pudessem acompanhá-lo de perto.
Esta reunião pretendia ser muito aberta, como declarou o presidente do Conselho Pontifício para as Comunicações Sociais, Dom Claudio Maria Celli, no início da sessão, afirmando que não se tratava de "um encontro de blogueiros católicos, embora muitos de vocês se inspirem nos valores do Evangelho, mas de um momento motivado sobretudo por um diálogo respeitoso, como o Papa nos convida, muitas vezes: um respeito pela verdade".
O primeiro painel abriu a palavra a vários dos blogueiros, que destacaram a importância dessa forma de comunicação na internet. Segundo eles, por meio dos blogs, a fé pode ser transmitida e as discussões são realizadas entre as pessoas presentes na rede.
Citando as palavras de João Paulo II, Andrés Beltramo, autor do blog "Sacro e profano", correspondente em Roma da agência ‘Notimex', convidou a Igreja a não ter medo de abrir estes debates. Este foi um conselho retomado pelo autor italiano de vários blogs, Mattia Marasco, quem convidou a Igreja a "atrever-se mais" neste campo.
Os primeiros cinco a tomar a palavra insistiram no aspecto missionário dos blogs.
O Pe. Roderick Vonhögen confessou que descobriu quase por acaso a força e o poder dos blogs. Enviando vídeos pela internet, ele se tornou "um pastor para pessoas que precisam dele" e que o buscam na internet. Este sacerdote holandês, que publica suas intervenções em inglês, compara sua atividade pastoral na rede à construção de uma comunidade local.
O Pe. Federico Lombardi SJ, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, indicou um dos aspectos mais importantes dos blogs para a comunidade cristã: "Os blogueiros católicos são a opinião pública na Igreja. O magistério conciliar previa esta realidade, que não foi muito desenvolvida".
Outros representantes da Santa Sé ilustraram a escassez de recursos da Igreja para estar presente na internet, o que promoveu nos últimos tempos o uso das redes sociais - que estão sendo utilizadas de maneira particularmente eficaz pela organização da próxima Jornada Mundial da Juventude, segundo se constatou.
Este encontro de breve duração foi apresentado por Dom Celli como o início de outras possíveis iniciativas de maior envergadura. Para a Santa Sé, reconheceu ele, o evento serviu para chegar a "uma conscientização oficial da existência e da importância da blogosfera na vida de hoje".
No rosto dos blogueiros, por outro lado, foi constatada a alegria provocada pelo encontro com colegas de outros cantos do mundo, com interesses comuns.
Um elemento surgiu com clareza das discussões: o nascimento de um novo tipo de presença pastoral na internet, até o ponto de que, segundo o sacerdote italiano Marco Sanavio, hoje é necessária a figura do "web-pastor".
Uma missão que surgiu em várias ocasiões no encontro e que foi claramente apresentada por François Jeanne-Beylot: "Se Cristo viesse pregar hoje, não subiria numa montanha ou num barco, mas iria ao Twitter ou criaria um blog".
(Stéphane Lemessin)

Fonte: ZENIT  04/05/11

sábado, 30 de abril de 2011

Maioria das famílias vive com menos de 1 salário per capita

No País retratado em 2010 pelo IBGE, a maioria da população (60,7%) vivia em domicílios com renda familiar per capita de menos de um salário mínimo (no valor de R$ 510 na época), apesar de em dez anos ter diminuído o número de famílias nos extratos mais baixos de rendimento.
A reportagem é de Wilson Tosta e Felipe Werneck e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 30-04-2011.
No ano passado, praticamente uma em cada sete residências tinha renda domiciliar per capita de até 1/4 de salário mínimo; uma em cada três, de meio a um; e mais de uma em duas tinha rendimento por pessoa de até um salário mínimo -em todos esses grupos sociais, porém, esses números significaram melhoria em relação à década anterior.
O instituto constatou que, após a faixa de um a dois salários, os resultados dos dois últimos censos se aproximaram, até convergir nos grupos depois de três a cinco salários - a antiga classe média, que ficou onde estava.
O aumento do salário mínimo na década - reajuste de 237,7% para uma inflação (pelo IPCA) de 89% - e os programas sociais são apontados como causas da melhoria de renda dos mais pobres ocorrida no período.
Desigualdade
Segundo o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, os dados apontam para uma redução da desigualdade de renda. "O contingente brasileiro que em 2000 ganhava renda inferior a meio salário mínimo hoje é muito menor", disse Nunes. Ele citou programas de transferência de renda e o aumento real do salário mínimo entre as principais causas da mudança.
Nunes explica que as faixas consideradas prioritárias pelo Bolsa-Família são próximas àquela que o IBGE usa como critério para a distribuição de renda: 1/4 do salário mínimo. Ele também destacou a expansão da economia na última década, com a criação de mais de 10 milhões de postos de trabalho.
Falhas
O avanço na renda dos mais pobres não foi acompanhado no mesmo ritmo - ou pelo menos em padrão semelhante - por outros indicadores sociais.
O País reduziu a sua proporção de analfabetos com 15 anos ou mais na década de 91-2000 (de 20,1% para 13,6%) do que entre os anos 2001 e 2010 (13,6% para 9,6%). A redução nessa velocidade é encarada com naturalidade por especialistas, que ressaltam o aumento da dificuldade em combater o analfabetismo, na medida em que o estoque de analfabetos diminui, concentrando-se em centros menos urbanizados e mais pobres.
A Região Nordeste é aquela com maior taxa de analfabetismo: 19,1% em 2010, contra 28,2% em 2000 e impressionantes 37,6% em 1991. Entre os nordestinos, em 2010, 47,1% dos analfabetos tinham 60 anos ou mais.
Também avançou em ritmo modesto o porcentual de domicílios particulares ligados a rede de esgoto ou fossa séptica - de 62,2% para 67,1%, apenas 4,9 pontos porcentuais em dez anos. Isso significa que, no ano passado, 32,9% das residências lançava seus dejetos sanitários diretamente e sem tratamento na rua ou no meio ambiente.
Trabalho infantil
O Censo 2010 mostra ainda que no ano passado havia 132 mil domicílios no País sustentados pelo trabalho feito por crianças de 10 a 14 anos. "Proporcionalmente aos 57 milhões de domicílios, esse número (132 mil) não é muito expressivo. Entretanto, ele reflete outra realidade que o IBGE revela sistematicamente: a presença de trabalho infantil na sociedade", diz Nunes.
No País retratado em 2010 pelo IBGE, a maioria da população (60,7%) vivia em domicílios com renda familiar per capita de menos de um salário mínimo (no valor de R$ 510 na época), apesar de em dez anos ter diminuído o número de famílias nos extratos mais baixos de rendimento.
A reportagem é de Wilson Tosta e Felipe Werneck e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 30-04-2011.
No ano passado, praticamente uma em cada sete residências tinha renda domiciliar per capita de até 1/4 de salário mínimo; uma em cada três, de meio a um; e mais de uma em duas tinha rendimento por pessoa de até um salário mínimo -em todos esses grupos sociais, porém, esses números significaram melhoria em relação à década anterior.
O instituto constatou que, após a faixa de um a dois salários, os resultados dos dois últimos censos se aproximaram, até convergir nos grupos depois de três a cinco salários - a antiga classe média, que ficou onde estava.
O aumento do salário mínimo na década - reajuste de 237,7% para uma inflação (pelo IPCA) de 89% - e os programas sociais são apontados como causas da melhoria de renda dos mais pobres ocorrida no período.
Desigualdade
Segundo o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, os dados apontam para uma redução da desigualdade de renda. "O contingente brasileiro que em 2000 ganhava renda inferior a meio salário mínimo hoje é muito menor", disse Nunes. Ele citou programas de transferência de renda e o aumento real do salário mínimo entre as principais causas da mudança.
Nunes explica que as faixas consideradas prioritárias pelo Bolsa-Família são próximas àquela que o IBGE usa como critério para a distribuição de renda: 1/4 do salário mínimo. Ele também destacou a expansão da economia na última década, com a criação de mais de 10 milhões de postos de trabalho.
Falhas
O avanço na renda dos mais pobres não foi acompanhado no mesmo ritmo - ou pelo menos em padrão semelhante - por outros indicadores sociais.
O País reduziu a sua proporção de analfabetos com 15 anos ou mais na década de 91-2000 (de 20,1% para 13,6%) do que entre os anos 2001 e 2010 (13,6% para 9,6%). A redução nessa velocidade é encarada com naturalidade por especialistas, que ressaltam o aumento da dificuldade em combater o analfabetismo, na medida em que o estoque de analfabetos diminui, concentrando-se em centros menos urbanizados e mais pobres.
A Região Nordeste é aquela com maior taxa de analfabetismo: 19,1% em 2010, contra 28,2% em 2000 e impressionantes 37,6% em 1991. Entre os nordestinos, em 2010, 47,1% dos analfabetos tinham 60 anos ou mais.
Também avançou em ritmo modesto o porcentual de domicílios particulares ligados a rede de esgoto ou fossa séptica - de 62,2% para 67,1%, apenas 4,9 pontos porcentuais em dez anos. Isso significa que, no ano passado, 32,9% das residências lançava seus dejetos sanitários diretamente e sem tratamento na rua ou no meio ambiente.
Trabalho infantil
O Censo 2010 mostra ainda que no ano passado havia 132 mil domicílios no País sustentados pelo trabalho feito por crianças de 10 a 14 anos. "Proporcionalmente aos 57 milhões de domicílios, esse número (132 mil) não é muito expressivo. Entretanto, ele reflete outra realidade que o IBGE revela sistematicamente: a presença de trabalho infantil na sociedade", diz Nunes.
No País retratado em 2010 pelo IBGE, a maioria da população (60,7%) vivia em domicílios com renda familiar per capita de menos de um salário mínimo (no valor de R$ 510 na época), apesar de em dez anos ter diminuído o número de famílias nos extratos mais baixos de rendimento.
A reportagem é de Wilson Tosta e Felipe Werneck e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 30-04-2011.
No ano passado, praticamente uma em cada sete residências tinha renda domiciliar per capita de até 1/4 de salário mínimo; uma em cada três, de meio a um; e mais de uma em duas tinha rendimento por pessoa de até um salário mínimo -em todos esses grupos sociais, porém, esses números significaram melhoria em relação à década anterior.
O instituto constatou que, após a faixa de um a dois salários, os resultados dos dois últimos censos se aproximaram, até convergir nos grupos depois de três a cinco salários - a antiga classe média, que ficou onde estava.
O aumento do salário mínimo na década - reajuste de 237,7% para uma inflação (pelo IPCA) de 89% - e os programas sociais são apontados como causas da melhoria de renda dos mais pobres ocorrida no período.
Desigualdade
Segundo o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, os dados apontam para uma redução da desigualdade de renda. "O contingente brasileiro que em 2000 ganhava renda inferior a meio salário mínimo hoje é muito menor", disse Nunes. Ele citou programas de transferência de renda e o aumento real do salário mínimo entre as principais causas da mudança.
Nunes explica que as faixas consideradas prioritárias pelo Bolsa-Família são próximas àquela que o IBGE usa como critério para a distribuição de renda: 1/4 do salário mínimo. Ele também destacou a expansão da economia na última década, com a criação de mais de 10 milhões de postos de trabalho.
Falhas
O avanço na renda dos mais pobres não foi acompanhado no mesmo ritmo - ou pelo menos em padrão semelhante - por outros indicadores sociais.
O País reduziu a sua proporção de analfabetos com 15 anos ou mais na década de 91-2000 (de 20,1% para 13,6%) do que entre os anos 2001 e 2010 (13,6% para 9,6%). A redução nessa velocidade é encarada com naturalidade por especialistas, que ressaltam o aumento da dificuldade em combater o analfabetismo, na medida em que o estoque de analfabetos diminui, concentrando-se em centros menos urbanizados e mais pobres.
A Região Nordeste é aquela com maior taxa de analfabetismo: 19,1% em 2010, contra 28,2% em 2000 e impressionantes 37,6% em 1991. Entre os nordestinos, em 2010, 47,1% dos analfabetos tinham 60 anos ou mais.
Também avançou em ritmo modesto o porcentual de domicílios particulares ligados a rede de esgoto ou fossa séptica - de 62,2% para 67,1%, apenas 4,9 pontos porcentuais em dez anos. Isso significa que, no ano passado, 32,9% das residências lançava seus dejetos sanitários diretamente e sem tratamento na rua ou no meio ambiente.
Trabalho infantil
O Censo 2010 mostra ainda que no ano passado havia 132 mil domicílios no País sustentados pelo trabalho feito por crianças de 10 a 14 anos. "Proporcionalmente aos 57 milhões de domicílios, esse número (132 mil) não é muito expressivo. Entretanto, ele reflete outra realidade que o IBGE revela sistematicamente: a presença de trabalho infantil na sociedade", diz Nunes.
No País retratado em 2010 pelo IBGE, a maioria da população (60,7%) vivia em domicílios com renda familiar per capita de menos de um salário mínimo (no valor de R$ 510 na época), apesar de em dez anos ter diminuído o número de famílias nos extratos mais baixos de rendimento.
A reportagem é de Wilson Tosta e Felipe Werneck e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 30-04-2011.
No ano passado, praticamente uma em cada sete residências tinha renda domiciliar per capita de até 1/4 de salário mínimo; uma em cada três, de meio a um; e mais de uma em duas tinha rendimento por pessoa de até um salário mínimo -em todos esses grupos sociais, porém, esses números significaram melhoria em relação à década anterior.
O instituto constatou que, após a faixa de um a dois salários, os resultados dos dois últimos censos se aproximaram, até convergir nos grupos depois de três a cinco salários - a antiga classe média, que ficou onde estava.
O aumento do salário mínimo na década - reajuste de 237,7% para uma inflação (pelo IPCA) de 89% - e os programas sociais são apontados como causas da melhoria de renda dos mais pobres ocorrida no período.
Desigualdade
Segundo o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, os dados apontam para uma redução da desigualdade de renda. "O contingente brasileiro que em 2000 ganhava renda inferior a meio salário mínimo hoje é muito menor", disse Nunes. Ele citou programas de transferência de renda e o aumento real do salário mínimo entre as principais causas da mudança.
Nunes explica que as faixas consideradas prioritárias pelo Bolsa-Família são próximas àquela que o IBGE usa como critério para a distribuição de renda: 1/4 do salário mínimo. Ele também destacou a expansão da economia na última década, com a criação de mais de 10 milhões de postos de trabalho.
Falhas
O avanço na renda dos mais pobres não foi acompanhado no mesmo ritmo - ou pelo menos em padrão semelhante - por outros indicadores sociais.
O País reduziu a sua proporção de analfabetos com 15 anos ou mais na década de 91-2000 (de 20,1% para 13,6%) do que entre os anos 2001 e 2010 (13,6% para 9,6%). A redução nessa velocidade é encarada com naturalidade por especialistas, que ressaltam o aumento da dificuldade em combater o analfabetismo, na medida em que o estoque de analfabetos diminui, concentrando-se em centros menos urbanizados e mais pobres.
A Região Nordeste é aquela com maior taxa de analfabetismo: 19,1% em 2010, contra 28,2% em 2000 e impressionantes 37,6% em 1991. Entre os nordestinos, em 2010, 47,1% dos analfabetos tinham 60 anos ou mais.
Também avançou em ritmo modesto o porcentual de domicílios particulares ligados a rede de esgoto ou fossa séptica - de 62,2% para 67,1%, apenas 4,9 pontos porcentuais em dez anos. Isso significa que, no ano passado, 32,9% das residências lançava seus dejetos sanitários diretamente e sem tratamento na rua ou no meio ambiente.
Trabalho infantil
O Censo 2010 mostra ainda que no ano passado havia 132 mil domicílios no País sustentados pelo trabalho feito por crianças de 10 a 14 anos. "Proporcionalmente aos 57 milhões de domicílios, esse número (132 mil) não é muito expressivo. Entretanto, ele reflete outra realidade que o IBGE revela sistematicamente: a presença de trabalho infantil na sociedade", diz Nunes.
No País retratado em 2010 pelo IBGE, a maioria da população (60,7%) vivia em domicílios com renda familiar per capita de menos de um salário mínimo (no valor de R$ 510 na época), apesar de em dez anos ter diminuído o número de famílias nos extratos mais baixos de rendimento.
A reportagem é de Wilson Tosta e Felipe Werneck e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 30-04-2011.
No ano passado, praticamente uma em cada sete residências tinha renda domiciliar per capita de até 1/4 de salário mínimo; uma em cada três, de meio a um; e mais de uma em duas tinha rendimento por pessoa de até um salário mínimo -em todos esses grupos sociais, porém, esses números significaram melhoria em relação à década anterior.
O instituto constatou que, após a faixa de um a dois salários, os resultados dos dois últimos censos se aproximaram, até convergir nos grupos depois de três a cinco salários - a antiga classe média, que ficou onde estava.
O aumento do salário mínimo na década - reajuste de 237,7% para uma inflação (pelo IPCA) de 89% - e os programas sociais são apontados como causas da melhoria de renda dos mais pobres ocorrida no período.
Desigualdade
Segundo o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, os dados apontam para uma redução da desigualdade de renda. "O contingente brasileiro que em 2000 ganhava renda inferior a meio salário mínimo hoje é muito menor", disse Nunes. Ele citou programas de transferência de renda e o aumento real do salário mínimo entre as principais causas da mudança.
Nunes explica que as faixas consideradas prioritárias pelo Bolsa-Família são próximas àquela que o IBGE usa como critério para a distribuição de renda: 1/4 do salário mínimo. Ele também destacou a expansão da economia na última década, com a criação de mais de 10 milhões de postos de trabalho.
Falhas
O avanço na renda dos mais pobres não foi acompanhado no mesmo ritmo - ou pelo menos em padrão semelhante - por outros indicadores sociais.
O País reduziu a sua proporção de analfabetos com 15 anos ou mais na década de 91-2000 (de 20,1% para 13,6%) do que entre os anos 2001 e 2010 (13,6% para 9,6%). A redução nessa velocidade é encarada com naturalidade por especialistas, que ressaltam o aumento da dificuldade em combater o analfabetismo, na medida em que o estoque de analfabetos diminui, concentrando-se em centros menos urbanizados e mais pobres.
A Região Nordeste é aquela com maior taxa de analfabetismo: 19,1% em 2010, contra 28,2% em 2000 e impressionantes 37,6% em 1991. Entre os nordestinos, em 2010, 47,1% dos analfabetos tinham 60 anos ou mais.
Também avançou em ritmo modesto o porcentual de domicílios particulares ligados a rede de esgoto ou fossa séptica - de 62,2% para 67,1%, apenas 4,9 pontos porcentuais em dez anos. Isso significa que, no ano passado, 32,9% das residências lançava seus dejetos sanitários diretamente e sem tratamento na rua ou no meio ambiente.
Trabalho infantil
O Censo 2010 mostra ainda que no ano passado havia 132 mil domicílios no País sustentados pelo trabalho feito por crianças de 10 a 14 anos. "Proporcionalmente aos 57 milhões de domicílios, esse número (132 mil) não é muito expressivo. Entretanto, ele reflete outra realidade que o IBGE revela sistematicamente: a presença de trabalho infantil na sociedade", diz Nunes.
No País retratado em 2010 pelo IBGE, a maioria da população (60,7%) vivia em domicílios com renda familiar per capita de menos de um salário mínimo (no valor de R$ 510 na época), apesar de em dez anos ter diminuído o número de famílias nos extratos mais baixos de rendimento.
A reportagem é de Wilson Tosta e Felipe Werneck e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 30-04-2011.
No ano passado, praticamente uma em cada sete residências tinha renda domiciliar per capita de até 1/4 de salário mínimo; uma em cada três, de meio a um; e mais de uma em duas tinha rendimento por pessoa de até um salário mínimo -em todos esses grupos sociais, porém, esses números significaram melhoria em relação à década anterior.
O instituto constatou que, após a faixa de um a dois salários, os resultados dos dois últimos censos se aproximaram, até convergir nos grupos depois de três a cinco salários - a antiga classe média, que ficou onde estava.
O aumento do salário mínimo na década - reajuste de 237,7% para uma inflação (pelo IPCA) de 89% - e os programas sociais são apontados como causas da melhoria de renda dos mais pobres ocorrida no período.
Desigualdade
Segundo o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, os dados apontam para uma redução da desigualdade de renda. "O contingente brasileiro que em 2000 ganhava renda inferior a meio salário mínimo hoje é muito menor", disse Nunes. Ele citou programas de transferência de renda e o aumento real do salário mínimo entre as principais causas da mudança.
Nunes explica que as faixas consideradas prioritárias pelo Bolsa-Família são próximas àquela que o IBGE usa como critério para a distribuição de renda: 1/4 do salário mínimo. Ele também destacou a expansão da economia na última década, com a criação de mais de 10 milhões de postos de trabalho.
Falhas
O avanço na renda dos mais pobres não foi acompanhado no mesmo ritmo - ou pelo menos em padrão semelhante - por outros indicadores sociais.
O País reduziu a sua proporção de analfabetos com 15 anos ou mais na década de 91-2000 (de 20,1% para 13,6%) do que entre os anos 2001 e 2010 (13,6% para 9,6%). A redução nessa velocidade é encarada com naturalidade por especialistas, que ressaltam o aumento da dificuldade em combater o analfabetismo, na medida em que o estoque de analfabetos diminui, concentrando-se em centros menos urbanizados e mais pobres.
A Região Nordeste é aquela com maior taxa de analfabetismo: 19,1% em 2010, contra 28,2% em 2000 e impressionantes 37,6% em 1991. Entre os nordestinos, em 2010, 47,1% dos analfabetos tinham 60 anos ou mais.
Também avançou em ritmo modesto o porcentual de domicílios particulares ligados a rede de esgoto ou fossa séptica - de 62,2% para 67,1%, apenas 4,9 pontos porcentuais em dez anos. Isso significa que, no ano passado, 32,9% das residências lançava seus dejetos sanitários diretamente e sem tratamento na rua ou no meio ambiente.
Trabalho infantil
O Censo 2010 mostra ainda que no ano passado havia 132 mil domicílios no País sustentados pelo trabalho feito por crianças de 10 a 14 anos. "Proporcionalmente aos 57 milhões de domicílios, esse número (132 mil) não é muito expressivo. Entretanto, ele reflete outra realidade que o IBGE revela sistematicamente: a presença de trabalho infantil na sociedade", diz Nunes.

No País retratado em 2010 pelo IBGE, a maioria da população (60,7%) vivia em domicílios com renda familiar per capita de menos de um salário mínimo (no valor de R$ 510 na época), apesar de em dez anos ter diminuído o número de famílias nos extratos mais baixos de rendimento.
A reportagem é de Wilson Tosta e Felipe Werneck e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 30-04-2011.
No ano passado, praticamente uma em cada sete residências tinha renda domiciliar per capita de até 1/4 de salário mínimo; uma em cada três, de meio a um; e mais de uma em duas tinha rendimento por pessoa de até um salário mínimo -em todos esses grupos sociais, porém, esses números significaram melhoria em relação à década anterior.
O instituto constatou que, após a faixa de um a dois salários, os resultados dos dois últimos censos se aproximaram, até convergir nos grupos depois de três a cinco salários - a antiga classe média, que ficou onde estava.
O aumento do salário mínimo na década - reajuste de 237,7% para uma inflação (pelo IPCA) de 89% - e os programas sociais são apontados como causas da melhoria de renda dos mais pobres ocorrida no período.
Desigualdade
Segundo o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, os dados apontam para uma redução da desigualdade de renda. "O contingente brasileiro que em 2000 ganhava renda inferior a meio salário mínimo hoje é muito menor", disse Nunes. Ele citou programas de transferência de renda e o aumento real do salário mínimo entre as principais causas da mudança.
Nunes explica que as faixas consideradas prioritárias pelo Bolsa-Família são próximas àquela que o IBGE usa como critério para a distribuição de renda: 1/4 do salário mínimo. Ele também destacou a expansão da economia na última década, com a criação de mais de 10 milhões de postos de trabalho.
Falhas
O avanço na renda dos mais pobres não foi acompanhado no mesmo ritmo - ou pelo menos em padrão semelhante - por outros indicadores sociais.
O País reduziu a sua proporção de analfabetos com 15 anos ou mais na década de 91-2000 (de 20,1% para 13,6%) do que entre os anos 2001 e 2010 (13,6% para 9,6%). A redução nessa velocidade é encarada com naturalidade por especialistas, que ressaltam o aumento da dificuldade em combater o analfabetismo, na medida em que o estoque de analfabetos diminui, concentrando-se em centros menos urbanizados e mais pobres.
A Região Nordeste é aquela com maior taxa de analfabetismo: 19,1% em 2010, contra 28,2% em 2000 e impressionantes 37,6% em 1991. Entre os nordestinos, em 2010, 47,1% dos analfabetos tinham 60 anos ou mais.
Também avançou em ritmo modesto o porcentual de domicílios particulares ligados a rede de esgoto ou fossa séptica - de 62,2% para 67,1%, apenas 4,9 pontos porcentuais em dez anos. Isso significa que, no ano passado, 32,9% das residências lançava seus dejetos sanitários diretamente e sem tratamento na rua ou no meio ambiente.
Trabalho infantil
O Censo 2010 mostra ainda que no ano passado havia 132 mil domicílios no País sustentados pelo trabalho feito por crianças de 10 a 14 anos. "Proporcionalmente aos 57 milhões de domicílios, esse número (132 mil) não é muito expressivo. Entretanto, ele reflete outra realidade que o IBGE revela sistematicamente: a presença de trabalho infantil na sociedade", diz Nunes.

Fonte: IHU Online
Data: 30/4/2011

sábado, 22 de janeiro de 2011

A paixão de Cristo segundo o Evangelho de São João

“A Páscoa de Jesus pode inspirar nossa passagem por este mundo”

Entrevista com Lúcia Weiler

IHU On-Line – Qual é a importância e a inovação de discutir esse assunto num ambiente acadêmico, sobretudo na época que antecede a Páscoa?
Lúcia Weiler – O debate sobre este assunto Paixão de Jesus Cristo, nas vésperas da festa da Páscoa, num espaço acadêmico é, a meu ver, de suma importância por causa do papel crítico e do serviço que a universidade é chamada a prestar para a humanidade. Independente de ser ou não ser cristão, a morte violenta de um homem inocente, suspenso numa cruz, pelo poder do Império Romano, no primeiro século de nossa era, deve ser lembrada. Essa lembrança é, por um lado, uma memória crítica que gera resistência e protesto, contra todas as formas de mortes violentas, que persistem até hoje. É, porém, uma memória afetiva solidária, que alimenta a mística e o compromisso com a dignidade da vida, tantas vezes ameaçada ainda hoje, no século XXI.  O teólogo alemão Metz , um dos protagonistas da teologia política e teologia da esperança na Europa, cunhou esta “lembrança” chamando-a de “memória perigosa”.
Papel da universidade é formar consciência crítica
Neste tempo que antecede a Páscoa tanto a mídia quanto o comércio poluem  as mentes e os  sentimentos das pessoas, com uma enorme bagagem de informações, sensacionalismos e manipulações ideológicas, seja de cunho religioso ou econômico. A festa da Páscoa, que originalmente significa passagem da escravidão para a libertação, provoca, assim, o efeito contrário. Escraviza em vez de libertar.  Ora, um papel importante da universidade é formar a consciência crítica, como pressuposto para as opções éticas em todos os setores e dimensões, neste caso, na dimensão religiosa, ou teológica. Olhando mais especificamente para o relato da Paixão de Jesus Cristo segundo o Evangelho de São João, devo dizer que esta é uma pérola literária e teológica que antes é uma realidade a ser meditada do que discutida.  E penso que o ambiente acadêmico, por vezes extremamente atrelado ao racional-científico, necessita desses “espaços-oásis”, para meditar nos grandes mistérios da fé que são os mistérios da vida.  A vida humana é toda ela pascal.  Isto é, passagem. A Páscoa de Jesus pode inspirar nossa passagem por este mundo.
IHU On-Line – Como podemos pensar uma hermenêutica feminista relacionada à Paixão de Cristo segundo o Evangelho de São João?
Lúcia Weiler – Pensar uma hermenêutica feminista relacionada à Paixão de Cristo, segundo o Evangelho de São João é, antes de tudo, um desafio e um compromisso.  Desafio, porque quase não estamos acostumados a usar chaves interpretativas feministas em textos sagrados, considerados patrimônio da tradição religiosa cristã, como é o relato da Paixão de Jesus Cristo.  Compromisso, porque, se perseguimos o fio da história, percebemos que mulheres tornaram-se solidárias e ficaram ao lado das vítimas, defendendo a vida e protestando contra a morte violenta. E na história sagrada da Bíblia não foi diferente. Veja-se, por exemplo,  a brevíssima história de Rispá, concubina de Saul,  que no tempo da monarquia davídica, precisa entregar dois de seus filhos para serem sacrificados, juntamente com 5 netos de Saul, por causa da ambição de poder. E esta morte violenta de 7 homens israelitas é planejada e executada em nome de Deus. Rispá não se conforma com essa morte violenta e os corpos expostos. Assume uma atitude silenciosa com sua presença corajosa e perseverante de  protesto. O texto diz:
“Então Rispá, filha de Aiá, tomou um pano de cilício, e estendeu-o sobre uma pedra, desde o princípio da colheita, até que a água do céu caiu sobre eles. Ela não deixou as aves do céu pousarem sobre eles durante o dia, nem os animais do campo durante a noite. ” (2 Samuel, 21,10).
Mais que uma história, a presença solidária desta mulher, que certamente teve apoio de muitas outras mulheres e dos pobres que vinham respigar as sobras das colheitas foi capaz de reverter um relato de violência sangrenta, numa história de resistência místico-profética. A presença de Rispá (2Sam 3,7; 21, 8-11) transforma uma história de guerra e de morte, em “história sagrada” de  protesto contra a morte violenta de anúncio da  dignidade dos corpos, da vida  e de uma  morte digna. O alcance deste protesto vai desde o religioso até o âmbito político.
Presença solidária das mulheres
Voltando ao nosso assunto, percebemos que os quatro relatos da Paixão – Morte  e Ressurreição, registrados   nos Evangelhos,  dão testemunho desta presença solidária  de mulheres, que assumem uma postura  colocando-se ao lado da  vítima inocente. No caso específico do Evangelho segundo São João, o interessante é a moldura criada pelo redator, colocando todo relato entre dois jardins: Um que ficava perto do riacho do Cedron (18, 1-14) marca o início da Paixão; e outro, para marcar o final, lembra que no próprio lugar onde Jesus “fora crucificado, havia um jardim, onde estava um túmulo em que ninguém  ainda tinha sido sepultado” (Jo 18,41-42).  Essa moldura do Jardim lembra a primeira criação e a nova criação. E será uma mulher, Maria Madalena, que vai encontrar e anunciar esta novidade que ressurge neste “Jardim” (cf. Jo 20, 1-18).
Reler a Paixão de Cristo com uma chave hermenêutica feminista pode ajudar-nos a descobrir uma nova relação com os textos e os corpos sagrados da vida e da Bíblia.
IHU On-Line – Qual é o papel conferido às mulheres no Evangelho de São João? Como elas ajudam a contar a história da Paixão de Cristo?
Lúcia Weiler – As mulheres no Evangelho de João desempenham um papel fundamental na progressão narrativa da Boa Notícia. Há biblistas, como Milton Schwantes , Elza Tames , que levantam a suspeita de que o caldo cultural do Evangelho de João foi preparado com temperos vindos das mãos de mulheres. Não que mulheres tenham escrito o Evangelho. Mas à semelhança de Sócrates , que é um grande filósofo, e cuja teoria filosófica conhecemos, nada escreveu pessoalmente, também Jesus nada escreveu. Assim podemos acreditar nesta mesma possibilidade de encontrarmos de modo predominante, no Evangelho de João, uma cultura de mulheres. Várias reflexões, como a da teóloga uruguaia, Tereza Porcille, abriram nossos olhos para esta presença positiva das mulheres, tecendo o fio dourado da “hora de Jesus”, que é a hora da sua Paixão – Glorificação, no Evangelho de João. A presença de mulheres é destacada em sete cenas decisivas do Evangelho: 1) Jo 2,1-11- A mulher, nas Bodas em Cana da Galiléia, provoca a primeira menção da “hora” que ainda não chegou, mas está  iniciando com o princípio do programa dos sinais de vida; 2) Jo 4, 1-42- Uma mulher samaritana dialoga com Jesus sobre questões hermenêuticas do culto e da teologia; 3) Jo 11, 21-27- Marta, proclama sua profissão de fé messiânica no Cristo Ressurreição e Vida;   4) Jo 12, 1-3-  Maria de Betânia, a amiga, unge Jesus para a sua hora suprema; 5) Jo 16,21- A mulher, na hora do parto, é símbolo do sofrimento articulado com a alegria que gera o novo;  6) Jo 19,25-27- A mulher, mãe de Jesus, que já estava presente na festa da aliança (Jo 2,1-12) agora está aqui de pé,  solidária na hora da dor e da morte de cruz de Jesus e os dois crucificados com ele ; 7) Jo 20,1-18- Maria Madalena vai à procura  daquele que foi depositado como morto no Jardim e se encontra com o Mestre vivo  que a chama e envia a anunciar a Boa Notícia da Vida Nova. É uma cena que se assemelha muito com a mulher no Cântico dos Cânticos (Ct 3, 1-6) que vai em busca de seu amado e não desiste até encontrá-lo.
Essas mulheres, na comunidade do Discípulo Amado,  ajudam sim  a contar a história da Paixão de Cristo, porque tecem os fios da “hora” ao longo do Evangelho. Estes fios se entrelaçam e culminam no relato da paixão-morte – glorificação-vida, que encontramos nos capítulos finais Jo 18-20.
IHU On-Line – Como as mulheres de hoje inserem-se na escrita da história das religiões?
Lúcia Weiler – A pergunta que me acompanha sempre é esta: O que significa escrever uma história? É certo que muito mais do que as canetas, as máquinas datilográficas e os computadores, são os corpos humanos, os corpos sociais, o corpo da criação os sujeitos e agentes da escrita de qualquer história e sobretudo da história das religiões. Há um número incontável de histórias escritas por mulheres, muitas vezes privadas do direito de ler e escrever, consideradas “analfabetas”. A resposta a esta pergunta pode ser ilustrada também com a história contada pelas mulheres que entraram na Aracruz Celulose. A mídia criticou. Como esta mesma mídia teria reagido ao ver Jesus com um chicote na mão, derrubando as mesas dos cambistas e jogando ao chão o lucro dos que exploravam o templo? (cf. Jo 2,  13-25). Nancy Cardoso Pereira  escreveu um impressionante relato dessa história de protesto contra os mecanismos de morte e de resistência profética a favor da vida.  Este texto pode ser encontrado no sitio do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos) www.cebi.org.br.
Outras histórias continuam sendo escritas pelas Mães da Praça de Maio , cujo protesto silencioso, não-violento, mas perseverante, já passou a ter um alcance religioso-litúrgico e sociopolítico.
IHU On-Line – Gostaria de acrescentar algum aspecto que não questionamos?
Lúcia Weiler – A pergunta que sempre é feita ao relato da Paixão segundo João é se ele não teologizou demais a vida de Jesus, idealizando a cruz e tirando dela todo sinal de  crueldade e violência. E isso provoca reações de simpatia ou de antipatia a este evangelho. Exatamente o oposto do filme A paixão de Cristo , que optou por mostrar o lado contrário. Também este recebe seus adeptos e seus adversários. Será um bom assunto para debater como vejo na programação no dia 5 de abril com Prof. Dr. Inácio Neutzling e Prof. Dr. José Alberto Baldissera.
Numa de suas meditações sobre “a cruz nossa de cada dia: fonte de vida e de ressurreição”, Leonardo Boff  aponta para uma interessante chave de releitura da Paixão de Jesus, a partir das crises de sua vida. Três lógicas se entrelaçam neste processo hermenêutico: a lógica do “grão de trigo” que precisa morrer para dar fruto (Jo 12, 23-24); a lógica do “príncipe deste mundo” (Jo 12,31) que é o responsável o culpado da morte de Jesus; a lógica do “seguimento de Jesus” (Jo 12,27), que pede de cada um tomar sua cruz e entregar sua vida por amor, na liberdade, como ele.
Enfim, quero retomar o que dizia no início: este assunto é mais para ser meditado que discutido. E um bom momento de meditação será a audição comentada da Paixão segundo João – BWV 245 – de Johan Sebastian Bach, que consta na programação da Páscoa 2006 do IHU no dia 7 de abril, com a presença qualificada da Prof.ª Dr.ª Yara Borges Caznok, da UNESP.
Oxalá este empenho por uma releitura multifacetária da Paixão de Jesus Cristo nos ajude a  assumir, com maior solidariedade e esperança de vida nova, a paixão do povo, a nossa paixão,  que continua hoje!
(Fonte: Unisinos – www.unisinos.br/ihu)

 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O discurso indignado de D. Edimilson no Congresso Nacional.

Dom Manuel Edmilson da Cruz receberia comenda de Direitos Humanos.
“Quem assim procedeu não é parlamentar, é para lamentar”, disse.
Eduardo Bresciani, de Brasília
Dom Manuel da Cruz durante sessão especial no Senado Federal nesta terça-feira (21)
(Agência Senado)

O bispo de Limoeiro do Norte (CE), Dom Manuel Edmilson da Cruz Neves, recusou nesta terça-feira (21) receber uma comenda do Senado Federal. Ele afirmou que sua atitude era para protestar contra o aumento salarial de 61,8% aprovado pelos parlamentares em causa própria. A homenagem recusada por ele é a Comenda dos Direitos Humanos Dom Helder Câmara.

A recusa do bispo foi feita em um discurso no plenário do próprio Senado. Ele criticou os parlamentares por aprovar o aumento deste montante para o próprio salário. “Quem assim procedeu não é parlamentar, é para lamentar”, disse.
O religioso afirmou que a comenda que lhe foi of erecida não honra a história de Dom Helder Câmara, que teve atuação destacada na luta pelos direitos humanos durante o regime militar.

“A comenda hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi Dom Helder Câmara. Não representa. Desfigura-a, porém. Sem ressentimentos e agindo por amor e por respeito a todos os senhores e senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la. Ela é um atentado, uma afronta ao povo brasileiro, ao cidadão, à cidadã contribuinte para o bem de todos, com o suor de seu rosto e a dignidade de seu trabalho”, afirmou o bispo.
Ele destacou que o aumento dado aos parlamentares deveria ter como base o reajuste que será concedido ao salário mínimo, de cerca de 6%. “O aumento a ser ajustado deveria guardar sempre a mesma proporção que o aumen to do salário mínimo e da aposentadoria. Isso não acontece. O que acontece, repito, é um atentado contra os direitos humanos do nosso povo”.

O senador José Nery (PSOL-PA) disse compreender a atitude do bispo. “Entendemos o gesto, o grito, a exigência de Dom Edmilson da Cruz”. Nery, que foi um dos três senadores a se manifestar na votação de forma contrária ao aumento, deu prosseguimento a sessão após a atitude do religioso.

Dom Manuel Edmilson da Cruz foi indicado para receber a comenda pelo senador Inácio Arruda (PC do B-CE). Além dele, foram indicados para a homenagem Dom Pedro Casaldáliga, Marcelo Freixo, Wagner de La Torre e Ant�?nio Roberto Cardoso. Apenas este último também estava presente e discursou. Ele afirmou estar “incomodado” com a homenagem, mas disse a ter aceitado porque ela se enquadra dentro de um c ontexto histórico e de um reconhecimento ao trabalho de Dom Helder

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

HINO DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2011



O canto é muito lindo, mais lindo será se abraçarmos juntos esta causa de com gestos concretos salvar nosso planeta, depende de cada um de nós e de todos, o planeta geme, pode ser dores de parto ou um triste gemido agonizante. Sejamos cuidadores da vida.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Sole le pido a Dios. Musica

Solo le pido a Dios.

Sólo le pido a Dios
Que el dolor no me sea indiferente,
Que la reseca muerte no me encuentre
Vacío y solo sin haber hecho lo suficiente.
Sólo le pido a Dios
Que lo injusto no me sea indiferente,
Que no me abofeteen la otra mejilla
Después que una garra me arañó esta suerte.
Sólo le pido a Dios
Que la guerra no me sea indiferente,
Es un monstruo grande y pisa fuerte
Toda la pobre inocencia de la gente.
Sólo le pido a Dios
Que el engaño no me sea indiferente
Si un traidor puede más que unos cuantos,
Que esos cuantos no lo olviden fácilmente.
Sólo le pido a Dios
Que el futuro no me sea indiferente,
Desahuciado está el que tiene que marchar
A vivir una cultura diferente.
               
Mercedes Sosa

Espirito Santo

O Espirito Santo que pedimos inistentemente, é, ao mesmo tempo o inquietante estorvo de toda segurança pessoal e eclesial. Ele é a entrada, a intervenção de Deus sobre nossa inanição e auto-suficiência.
Ele não respeita a segurança de qualquer ordem externa quando esta se tornou uma realidade fechada em si mesma.
Quem crê no Espirito Santo como atividade criadora de Deus e nesta fé pede pela vinda do mesmo Espirito, deve saber que, com isso, chama sobre si o divino incômodo e se abre para ser estorvado e desconstruido em suas ideias fixistas. Ele o estorvará em suas seguranças, em suas tradições, costumes, seu modo de viver quando estes não mais servem para ser um vaso receptivo da santa inquietude e da verdade que desafia e desinstala.
Portanto, quem suplica "vem Espirito Santo" deve também estar preparado e disposto para pedir: "vem e me incomoda onde devo ser incomodado; vem e me desinstala onde devo ser desinstalado; vem e me desestrutura onde devo ser desestruturado; vem e me desconstrói onde devo ser desconstruído".
Podemos abrir-nos e expor com toda confiança o nosso ser a este processo do Espirito, porque nos apoiamos na promessa de Jesus: "Eis que estou convosco até o fim".